• Laurence Anyways

    Analisar o terceiro filme de Xavier Dolan é adentrar dentro de um diagrama de pelo menos uma década.

  • Holy Motors

    Há duas linhas racionalizadas e bastante claras dentro de ‘Holy Motors’ que enfatizam a sua proeminência cinematográfica. Mais do que mera apropriação e uso da metalinguagem (que em tese há explicitamente pouco, salvo seu prólogo especificamente), essas linhas de pensamento revelam em si a natureza do cinema: umas é seu registro maquinal enquanto ferramenta técnica e a outra é o corpo interno e externo, atrás e principalmente à frente desta máquina que o manipula e é manipulado por ela.

  • Um Verão Escaldante

    Quando Deleuze chama o cinema de Philippe Garrel de “o primeiro caso de um cinema de constituição, verdadeiramente constituinte: constituir os corpos, e com isso devolver-nos a crença no mundo” é para ilustrar a formatação deste universo bastante particular no qual corpo e personagem são a um só tempo as posturas estruturais de uma encenação única, quase perdida, em vias de um desaparecimento empoeirado, obscuro.

  • Fausto

    Não é fácil para nenhum cineasta o confronto direto, mesmo quando emancipado por suavidades estéticas, com grandes rochedos figurativos. A história ou as Histórias do cinema e da própria civilização frequentemente se chocam nas virtudes e nos desvios de superioridade.

  • L’Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância

    O universo criado por Bonello em ‘L’Apollonide – Souvenirs de la Maison Close’ é justamente o de uma cosmologia da transformação; de meninas em mulheres e de mulheres em mártires, figuras (como basta lembrar são também chamadas popularmente as santas), em simplesmente imagens.

  • Shame

    Antes de qualquer psicologismo moralizante ou machismo obcecado, ‘Shame’, de Steve McQueen nos coloca diante de um filme rigorosamente físico. A rigidez, inclusive literal, da palavra se coloca tanto em termos superficialmente reconhecidos a partir da lógica corporal (e humana) como também de uma correlação conceitual da física enquanto ramo da ciência.

  • Rubber

    Qual seria o espaço do espectador? Este ser individual ou coletivo que reunido numa situação específica tende a esperar e receber, mesmo que de maneira ativa em seus processos mentais ou sensoriais, o fluxo direcionado de certas informações, situações, imagens. Imagens aprisionadas, espectador aprisionado

  • O Artista

    Nada mais anacrônico do que em tempos de grande urgência de realidade, seja pelos dispositivos técnicos digitais ou pela falência de uma ficção cada vez mais nutrida de tramas com tendências documentais ou, em outra via, de espetáculos verborrágicos de cortes, explosões e terceiras dimensões um filme ‘mudo’ como ‘O Artista’ esteja reverberando ecos premiados pelas telas mundiais.

  • Pina

    Um filme como ‘Pina’ revela à crítica, mais até do que aos espectadores, a dificuldade em dar conta através de palavras ou mesmo de impressões orais a reação objetiva ou subjetiva diante de uma obra feita para os sentidos.

  • Sleeping Beauty

    Em ‘A Bela Adormecida’ uma jovem e bela princesa adormece a partir de uma maldição num sono profundo e eterno até que um príncipe apaixonado venha até seu leito de morte e sonho e deposite em seus lábios um beijo de puro amor. A versão mais conhecida do conto é a feita pelos famosos Irmãos Grimm, publicada em 1812, na obra ‘Contos de Grimm’ sob o título ‘A Bela Adormecida’ ou ‘Dornröschen’ no original.