A new way of thinking fashion


TOUJOURS COUTURE – Vanity Fair, September 09.

Como descreveu Walter Benjamin, é ela a “eterna recorrência do novo”.

Está em todo e qualquer lugar e continuamente provida do mesmo discurso: aquela cor do momento que é sempre presente, ou aquele batom que sempre se usou e magicamente se torna notícia revolucionária… Ontem bege, hoje nude, amanhã… E sair de ankle boot ou oxford? Sem esquecer-se das celebridades vestindo Chanel num evento da Chanel e toda aquela obviedade… Mas, e se…?

Desde o século XVIII, a moda inicia um processo de democratização. A característica de ser um assunto exclusivamente de um determinado grupinho se perde. E como dito, hoje há incontáveis sites especializados sobre o tema, colunas em jornais, coberturas televisivas; parece-nos algo quase “natural”. Na contemporaneidade, esse objeto fútil, é de central importância como base para um entendimento da nossa situação histórica como também na formação da identidade do homem moderno. É ela um fenômeno social que invade os limites de outras arenas sociais, a dizer política, arte e ciência. É ela um sistema de significados, como definiu o crítico e semiótico Roland Barthes, e que tem na roupa sua base material. Há nela um predicado primeiro do qual partilha com o modernismo: o rompimento com a tradição. “Cada nova Moda é uma recusa a herdar, uma subversão contra a opressão da Moda anterior”, enfatiza o crítico. É ela uma incessante busca pelo “novo”. É ela uma constante inconstância, uma constante mudança pela mudança.

A proposta deve ser promover o exercício do pensar moda através da moda, pela pura e simples contemplação de seu universo: o estranho inserido no belo, a extravagância e o minimalismo, o dramático, o teatral, o comum cotidiano, todos em uma relação de complementação e abolição. É obter um olhar mais crítico, analítico, reflexivo e investigativo sobre o impacto da moda no coletivo e de sua relação com o eu, em seu caos e sua complexidade, formando sua identidade.

“Temos de ser completamente modernos”, disse Rimbaud.

RAFAEL BACAROLO
rafaelbacarolo@brrun.com