New Heaven – 1,2,3

New Heaven. O primeiro LP do 1,2,3 faz jus ao nome que lhe foi dado. Uma reinauguração do céu, com direito a assovios, sons de mar e uma infinidade de tons de azul.



1,2,3 são Nic Snyder (vocal/guitarra) e Sickels Josh (bateria/percussão) [A banda se apresenta ainda com Mike Yamamoto (guitarra/teclados) e Chad Monticue (baixo/vocais/glockenspiel)] de Pittsburgh, EUA. Vieram da desconjunção da The Takeover UK e formaram seu próprio dueto. Desde então foram compondo, gravando e disponibilizando gratuitamente os singles. A estratégica foi dando certo até que em Junho, lançaram o LP. Cheio de canções inéditas, boas influências (Lennon, folk rock, Neil Young, R&B de 90 e 60, power pop, synthpop, etc) e surpreendentemente agradável aos ouvidos.

Work faz as honras da casa. Já dá para sentir a carga sentimental na voz de Snyder. É o primeiro single de New Heaven e não é para menos, o refrão se apossa do ouvinte e na segunda vez que ele aparece, você já está cantando. Ouça só e veja o clipe oficial. E então, tente não gostar:

Seguimos com Scared, But Not That Scared, em uma linda apresentação do teclado casadinho com o vocal meloso e arrastado de Snyder. O coro no refrão dá energia ao som e o tom folk das cordas um ar antigo. É linda de morrer.

Heat Lightnin’ cheira a Devendra Banhart. Até o vocal é similar. Os assovios de fundo, o tom oco do violão e alguns leves toques – um acorde de guitarra, um efeito do teclado – vão levando a canção até o seu meio. Logo depois disso, a guitarra tem o seu momento e alguns gritinhos aparecem junto a um barulho de ondas do mar. É bonita, mas não muito animada.

Muito diferente de Lonesome Boring Summer, que já entra com o teclado e percussão dando um tom alegre. Imediatamente transformados pelo vocal de Snyder. Coerência não falta, mas também não a faz a preferida do disco.

E o coro mais bonito de 2011 vai para Confetti. A sensibilidade do 1,2,3 está toda impressa nesse som. A bateria estourando compassadamente no ritmo da batida cardíaca, a guitarra levemente festiva e os efeitos do synth, faz (sem dúvida alguma) de Confetti a faixa mais cheia de graça do álbum. Escute:

Wave Pool entra em tom de melancólica em temas florais. O refrão é super bonito e embora o vocal de Snyder se destaque pela suavidade, o instrumental faz a genialidade do som. A faixa é cheia de luz, sutil e ao mesmo tempo cheia de força. Cada vez que escuto, tenho uma impressão diferente. Vale muito a pena.

Just Like a Heaven (Is Gone) e Sorry, Soldier são as canções em que 1,2,3 mostra mais claramente seu lado setentista. Na primeira, a guitarra e o piano são a graça. Na segunda, o tom folk. A voz arrastada está presentes nas duas e conduz toda a melodia. São as menos preferidas, mas ainda assim, experimentar não custa nada.

Divergindo de Riding Coach que chega em seu ar moderninho, mostrando como se faz música bonita na segunda década dos anos dois mil. – Me lembra o Passion Pit com o synth mais suave. E em 20,000 Blades nos despedimos da forma mais branda e rodopiante possível. A guitarra levemente estridente, os efeitos dos vocais, o tom de lamentação energético de Snyder e uma vontade imensa de sair voando.

No finzinho da faixa, em um adeus sussurrado vamos inflando, perdendo matéria e subindo às nuvens. Rumando para este novo céu.

MARINA RIMA
marinarima@brrun.com