MAN MAN – Life Fantastic

Life Fantastic. É assim que o Man Man faz a proposta irrecusável no nome de seu novo disco. Caracteriza-se por uma mistura de euforia e irônia sintetizadas em 12 faixas fantásticas, como a vida.
Da Filadélfia – EUA para o mundo, o Man Man tem com Life Fantastic quatro discos lançados e na trajetória, turnês com o Modest Mouse e músicas em propagandas para a Nike e no seriado tragicômico Weeds. Tudo isso, além das apresentações cheias de excentricidades – e não só elas, como também os excepcionais pseudônimos utilizados pelos membros da banda, o figurino branco e a engraçada e despretensiosa tentativa de uma pintura de guerra estampada no rosto.



A banda gira em torno do teclado – e vocal – de Honus Honus (Ryan Kattner). Os demais membros e multi-instrumentistas Pow Pow (Christopher Powell), Critter Crat (Russell Higbee) e Chang Wang (Billy Dufala), ficam responsáveis pelas graciosidades geradas pelo clarinete, flauta, trompete, saxofone, trompa, marimba, bombardino, buzina, xilofone e uma série de muitos outros instrumentos de percussão.
Para criar magníficidade no som, descrito pela banda como maníaco Viking-vaudeville/ jazz cigano, o Man Man usa e abusa de influências do ragtime, boogie-woogie, bluegrass, ritmos latinos, africanos, balcãs, ciganos e clandestinos. Quanto mais maluco e fora de si, melhor.
Em Life Fantastic a banda conta com uma mão de Mike Gogis, multi-instrumentista, produtor e membro do Monsters of Folk. Diz a lenda, que após a contribuição de Mike no disco, o Man Man se tornou mais rentável e teve de repensar algumas características de seu ‘ser’ maníaco.

O experimentalismo norteador presente em todos os álbuns da banda assusta o mais chegados aos singles hypes dos cds, mas é só abrir os ouvidos e dedicar um tempo para descobrir as sensações dos inesperados arranjos e efeitos que o Man Man nos proporciona.

O disco inicia com Knuckle Down em tom cibernético. Em contrapartida, mudando todo o rumo da intro, uma descida brusca nos leva para a letra nada alegre da primeira faixa. O elemento mais extravagante é a bateria. Só. Então, Piranhas Club entra dançante e com uma pegada anos 60, com direito a gritinhos e tudo. Alegre, interessante.

Steak Knives começa crua, só com vocal e viola, melancólica em letra e em melodia, não é de baixa genialidade, mas não achei que caiu bem para terceira faixa. Talvez até seja proposital, porque o que Steak Knives leva para baixo, Dark Arts sobre rapidamente. Com uma pitada de música flamenca e um leve descontrole do experimentalismo, é uma das favoritas.

Haute Tropique, musicalmente falando é boa, cheia de elementos – música latina, havaiana, africana, chinesa – e vocais variados. Mas, parece tão retraída e descomplicada que mal soa como o Man Man que conhecemos. Assim, como Shamelles – mesmo com sua intro super fofa – Honus Honus vai levando a música quase sozinho e depois há uma pequena explosão com a entrada dos demais instrumentos e alguma aparição mais marcante do teclado. Bonita e triste, mas talvez esteja no disco errado.

Quando os ombros começam a balançar, estamos em Spooky Jookie com uma intro bacanérrima, misturando a beleza e a melancolia que (como já percebemos até aqui) Life Fantastic propõe. É animada, dinâmica e soa bem tanto para casa, quanto para pista.

Eel Bros é tema para propaganda, com certeza. Porém, bem feita. Vai vender.

Bangkok Necktie é a imagem de uma noite na Tailândia. Até me imagino correndo de braços abertos, em meios aos tailandeses, cantando e mexendo feito maluca. A faixa é fantástica. Se faltava o impulso natural do Man Man que conhecemos, ele está ai. Além de tudo, é ótima para dançar.

Life fantastic é de toda genialidade. O vocal de Honus aparece dramático, como característica do disco. O refrão reflexivo, as epifanias instrumentais, o caos ao caminhar para o final da faixa… e depois a calmaria. Lindo!

E fechando a fantástica jornada a este lado mais maduro e sóbrio do Man Man, chegamos à bela Oh La Brea dançante e alegre e com uma pitada de absurdo (que não poderia faltar) e uma finalização amena e nouveau (se me permitem arriscar).

É tão bonita e tão triste. Como a vida.

By Marina Rima
marinarima@brrun.com

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