Eagle and the Worm – Good Times

Estréias são bem vindas. O cheiro de disco fresquinho, mesmo que seja assim, na imaginação, agrada. Melhor ainda, quando além de o álbum ser deste ano, a banda também. E é isso que o Eagle & the Worm propõe em sua estréia com Good Times. Uma nova abordagem dos mesmos bons momentos, sejam eles na euforia, sejam na calmaria.

Descobrir novos sons é desafiador. De cada três discos baixados, meio tem algo de interessante. Alguns abusam dos sintetizadores, outros viajam nas distorções, há aqueles que instrumentalizam perfeitamente e detonam nos vocais, entre outras bizarrices. Entretanto, a maré está baixa, mas está a nosso favor. E o nosso bom exemplo é o Eagle and the Worm, migrando do cru do estúdio caseiro de Jarrad Brown (vocal) na Austrália para somar às efervescente bandas de indie e folk rock do mundo.



Melhor estréia não poderia ser. Com Summer Song abrindo as cortinas, cheio de toda a graça do vocal de Brown e do orgão de Joe Cope, a música pinta mesmo um pôr-do-sol tocante de um dia de verão (principalmente na finalização da faixa). Os efeitos eletrônicos dão uma ajuda legal e caem bem. Já Futureman chega com a banda cantando em uníssono na melhor atmosfera possível. O baixo, o órgão e a guitarra nos levam para o velho oeste e os metais, a guitarra e o sintetizador nos levam para os clubs dos anos dois mil. Não poderia ser mais coerente. Ou genial.

Então All I Know entra o mais dançante possível. Essa música é um dos motivos pelo qual big bands são demais, os oito elementos da banda (Richard Bradbeer (baixo), Michael Hubbard (guitarra), Ben Morrison (synth), Joe Cope (orgão Hammond), Jim Lawrie (bateria), Mould Emily (trombone), Liam McGorry (trompete) e Ross Beaton (saxofone)) juntos numa única faixa, somam tanto e ao mesmo tempo se dividem tanto, que chega a ser impossível captar toda a complexidade da música escutando uma vez só. Além de tudo, parar para prestar toda a atenção na música é impossível. Você vai sair dançando com certeza.

Pois então que no mesmo embalo de All I Know entra a canção que dá nome ao disco. E não é à toa. Good Times é digna de aplausos de pé. A intro é quase uma piada, acompanhada da seriedade da guitarra e dos vocais leves de Brown. A levada é calma e sutil. Mas, então o refrão estoura tudo e faz vibrar as cordas vocais, os quadris, os ombros, a cabeça e o que mais der para balançar. A letra é super alegre e contagiante. Flui tão bem, que sempre que ouço uma vez, tenho que repetir a dose.

A dupla Come Home Love e Not Coming Home são faixas que tem o violão mais presente e um tom folk mais acentuado. A idéia da seqüência é bem pensada, dando mais destaque para Not Coming Home. É mais dramática e melancólica. Lembra a atmosfera de Summer Song, com o vocal mais pegajoso e os efeitos dando um leve aperto no coração. Too Young caminha na mesma direção. Parece tema de conto de fadas pelo tom dos vocais. Fora isso, nada mais me chamou a atenção.

1 to the 4 faz a volta para os anos dois mil. O refrão é bonitinho, mas a música é meio down. O vocal de Brown viaja para os anos oitenta – bem diferente do que vemos nas faixas anteriores – e a música  só fica boa mesmo no final, quando entram os metais.

Estranged entra bem, o órgão bem característico, a gaita, o vocal em outra vibração – mais animado – dão um tom setentista, que é uma das influências do Eagle. Faz mais sentido no conjunto da obra, do que as quatro canções anteriores. Um leve descontrole, a despretensão e a euforia são as marcas de Estranged. Que soam muito bem.

Already Stands tem uma boa influência do produtor Steven Schran pelos efeitos eletrônicos. É um bom desfecho de disco, com certeza. A levada é reflexiva, o órgão brilha entre as alternações da bateria, palminhas e o som oco do violão. No final da faixa uma explosão de efeitos, sentidos e uma leve palpitação.

Entre altos e baixos, Good Times brilha, não só por ser novidade, mas porque tem os singles mais dançantes do segundo trimestre de 2011.

Mais bem vindo, impossível.

By Marina Rima
marinarima@brrun.com

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