A morte da elegância



Ícone de uma Paris de outrora, o mundo da moda não somente perde uma personagem importante para a história, como também temos a sensação de que nossas boas referências se findaram. Madame Rochas era de um tempo no qual a moda era pensada, por mais que sempre voltada para o consumo, ainda era possível perceber as delicadezas, o zelo… Aqueles pormenores da obra. Contemplávamos.

Hélène Rochas, nascida em 1927, foi uma ex-modelo, casou-se com Marcel Rochas em 1944, fundador da Maison Rochas. Após seu falecimento em 1955, Madame Rochas assumiu o posto de diretora seguindo até o ano de 1971, tornando-se a mais jovem diretora de uma empresa na França.

Atualmente as coleções da Rochas tem a supervisão de Marco Zanini que procura manter a essência da marca, como visto no seu inverno 11 ao trazer a nouvelle vague para a passarela de Paris – uma elegância despretensiosa, feminina sem muitos penduricalhos e frufrus, tipicamente francesa, tal qual Hèléne Rochas.

Dona de um olhar azul intenso, de uma sofisticação ímpar e de um sorriso puro, Hélène Rochas não é apenas uma visionária de tempos passados. É sim uma personificação dos áureos tempos da moda. Dos áureos tempos da mulher. Sua morte não deixa apenas a sensação de perda, nos faz pensar na morte da elegância, nos rumos da moda atual. Na figura da mulher. No papel da mulher na sociedade…

Hélène Rochas morreu.  A nós resta o exemplo. O exemplo da mulher que acreditou na elegância como base para se viver e produzir moda.


Rochas F/W 11.


RAFAEL BACAROLO
rafaelbacarolo@brrun.com

Fotos: Divulgação