32ª Casa de Criadores ― Inverno 2013 ― Segundo dia

Projeto LAB

Bruna Abreu

Com inspiração na artista plástica Lygia Clark, Bruna Abreu apresentou uma coleção bonita. As cores se definiam em nude e marrom. A estilista trouxe à passarela muitos vestidos, macacões e saias com transparências nos detalhes. As golas estruturadas lembram muito o trabalho de Lygia e a coleção como um todo pode ser vista como ótima releitura. As franjas deram um toque especial. Do cuidado com os detalhes, também devemos destacar o bom caimento e acabamento das roupas, transformando o inverno 2013 de Bruna em uma coleção muito rica.

Gilber Lopaka

Gilber Lopaka trouxe seu lado étnico para a próxima estação. Os Aborígenes Africanos foram o ponto de partida para vestidos de modelagem reta, geralmente de duas cores. As cores eram amarelo, marrom, vermelho e preto. No entanto, as roupas não apresentaram nada de novo e todos os looks eram muito parecidos. A pintura em forma de mãos poderia ser boa ideia, se não fosse colocada de maneira tão óbvia. Os acessórios foram o melhor do desfile, com grandes brincos e anéis, mas faltou um pouco de criatividade para estender a inspiração em uma coleção completa.

Yoon Hee Lee

Assisti a primeira coleção de Yoon Hee Lee há alguns anos e fiquei encantada com a criatividade e o primor do trabalho da estilista. Tive o prazer de presenciar a coleção desfilada no segundo dia de Casa de Criadores. Yoon buscou inspiração para criar a coleção nas areias do deserto e concentrou-se nas alucinações trazidas pelo sol e o calor. Vindo dela, a interpretação de sua inspiração nunca é literal e vem como um resultado novo e forte. As peças eram feitas com um tecido estampado que lembrava flores, em transparência, e todos os looks apresentavam metais, como uma “armadura” ou “estrutura” dourada nas roupas. Franjas e acessórios de metais enriqueceram a coleção. Detalhe para os sapatos, que tinham grandes plataformas vazadas e chamaram atenção. Yoon Hee Lee tem um trabalho maravilhoso, surpreende, impressiona e mesmo tão nova, consegue fazer uma coleção completa; que até agora foi a melhor desfilada.

 

Casa de Criadores

Arnaldo Ventura

Arnaldo Ventura conta na passarela a história verídica de um circo norte-americano que pegou fogo em Niterói há 51 anos. A mistura entre alegria e tragédia circense dá certo e é representada por ótimas peças, em um lindo desfile. As silhuetas eram roupas de palhaço e pierrô, com shapes em momentos largos e ajustados; em preto, verde, azul petróleo e vermelho. Os tecidos se adéquam bem ao inverno: malha, veludo, couro, neoprene, cetim. A estampa de palhaço é muito funcional. O estilista consegue inovar trazendo referências diferentes em looks frescos, com cara de inverno. O conjunto é bonito, completo, o que representa uma maturidade muito bem-vinda em Arnaldo Ventura.

Jacinto

A marca Jacinto fez um inverno sem inovações. Muitos vestidos de mangas compridas arredondadas, saias, blusas e vestido-paletó. As cores eram preto, branco e vermelho, com algumas peças ou detalhes com transparências. O tecido chantung deu um brilho bonito na passarela, mas a coleção toda não apresentava nenhuma novidade e não surpreendeu o público. A Casa de Criadores é um evento para novos talentos da moda. Jacinto deixou a desejar no quesito novidade.

Juss

Inspirado na China, nós esperamos que o masculino da Juss viesse com referências já revisitadas. Mas, para surpreender, a marca trouxe elementos não óbvios e muito bonitos. O inverno 2013 da Juss tem ótimas peças, bem elaboradas e alegres. As cores são azul, amarelo, verde e vermelho e existe a brincadeira com texturas diferentes em um look só. Camisas, casacos, bermudas e blusas estampadas também estão na coleção. Juliana Souza tem uma mão muito boa e sabe misturar os elementos certos.

Fernando Cozendey

A coleção DISCOTÔNICA de Fernando Cozendey é inspirada no universo da discoteca e das divas dos anos 70. O trabalho com a Lycra é ótimo e o visual é de muito brilho e glamour. As peças se resumem em macacões, vestidos e bodys sempre decotados e justos. A coleção é vermelha, prata, bordô e grafite. É evidente o bom trabalho do estilista, que traz uma proposta super sexy, mas um pouco difícil de ser aplicada ao cotidiano.

Alê Brito

Alê Brito é conhecido na night e causa frisson na passarela. O visual do rock, de Jim Morrison e dos anos 60 está evidente nas roupas do estilista. Casacos de pelos, saias e calças de couro. A coleção quase não apresentava blusas, então as modelos usavam apenas casacos, jaquetas ou blazeres, e vestidos e macacões em tecidos transparentes. Marrom, preto, verde, roxo, tudo com cintos afivelados. As roupas eram bonitas, tinham atitude e presença na passarela. A cantora Geanine Marques, musa de Alexandre Herchcovitch, encerrou o desfile com estilo, mas sem grandes novidades.

Confira mais do segundo dia da 32ª Casa de Criadores:


 

ISABELA SERAFIM

Fotos: Divulgação / Namidia