A intenção era discutir a segmentação das classes sociais em A, B e C, fato comum no Brasil, mas que como bem definiu Biase é segmentado por ‘estrutura comportamental’ na empresa em que é responsável pela gerência de marketing. Se antes se falava em ‘perfil de consumo’ hoje a situação recorrente é uma ‘situação de consumo’, já que uma mesma atitude pode vir de pontos opostos da pirâmide.
Independente de nomenclaturas a conclusão é que a Classe C é a que mais consome, e soma 61% das compras on-line. Natural em um país onde a maioria se enquadra nas classes C, D e E, enquanto a A e B são apenas 20%.
Talvez a saída seria o brasileiro enxergar o brasileiro, como acontece em blogs de style hunting, onde as ruas do mundo todo – até as mais obscuras – viram referência, o que não acontece por aqui. Com esse espelhamento conseguiríamos encontrar o que realmente somos e a comunicação poderia finalmente acontecer de maneira cultural e não colonizada, dado o estágio embrionário em que nos encontramos culturalmente em relação ao hemisfério norte, concluíram os rapazes.
Erika Palomino sabatina Alexandre Herchcovitch
Na pauta mais do mesmo: seu trabalho no curso de moda do Senac – que segue os moldes da ESMOD – onde acompanha e orienta alunos em duas etapas, da entrada no curso até retomá-la nos projetos finais; suas mais de 20 marcas licenciadas que são base de sustentação financeira para sua marca e a banalização jornalismo de moda em nosso país, onde qualquer um munido de um meio é alçado ao cargo de “jornalista de moda”.
Em tempo, na mesa redonda que precedeu a sabatina, Rony Rodrigues citou uma pesquisa feita pela Lux na intenção de lançar um sabonete que carregasse o nome de um estilista. E a pergunta feita era qual estilista os consumidores conheciam? Para assombro dos pesquisadores – e também nosso – as porcentagens foram as seguintes: 8% Clodovil, 3% Ronaldo Esper e 1,2% Alexandre Herchcovitch contra 92% que não conheciam nenhum.
Prova mais que certeira de que a pretendida cultura de moda em nosso país ou não está falando a mesma língua de quem a consome – e conseqüentemente não buscando nesse nicho o seu reflexo – ou simplesmente não está sendo difundida para a educação destes consumidores, e fazendo pacientemente em rodas fechadas.
Educar através de imagens e compartilhando ideias é premissa aqui no BRRUN.COM.
Kátia Lessa conversa com Arianne Phillips
Arianne contou como construiu sua identidade de moda mudando-se para Nova York e não Londres como era pretendido dada sua paixão pelo street fashion pós-punk. E tranqüilizou todo e qualquer iniciante assumindo-se uma péssima assistente, já que em seu primeiro trabalho queimou com o ferro de passar o vestido que seria usado por Isabella Rossellini numa campanha da Lâncome.
Falou ainda sobre sua parceria de trânsito com Lenny Kravitz quando dividiam não só um apartamento, mas uma paixão por ícones como a revista The Face, a marca Comme de Garçons e quinteto Jackson Five.
Depois de Lenny veio Courtney Love e, por conseguinte Madonna, que lhe tomou a agenda por completa e para quem colabora até hoje com o guarda roupa pessoal, turnês e filmes que a estrela do pop realiza. Revelou que Madonna detesta fazer compras e acha provas de roupa enfadonhas, mas consegue driblar o tédio da cliente com mimos e presentinhos.
Nada mais natural que a música seja ponto de referência para construir imagens, já que ela seleciona uma trilha para cada tipo de cliente. Mas nem só de acordes vive o rico repertório de Arianne, indicada ao Oscar pelo figurino de Johnny & June e responsável pelo figurino de ‘Single Man’, estréia de Tom Ford na sétima arte. Para ela o que mais interessa em um roteiro de cinema são personagens que passam por transformações, pois esse arco de evolução é um desafio e torna o trabalho mais interessante. E quanto à temporalidade confessa: filmes de época são mais fáceis que os contemporâneos.
Texto: Paulo Raic e Felipe Hickiman
Edição: Bruno Capasso
Fotos: Pense Moda © Copyright 2011