27º HYÈRES | Entrevista Irène Silvagni

Dando licença aos senhores membros do júri do Hyères International Fashion + Photography Festival, a elegante Mme Irène Silvagni responde as perguntas destinadas.

Irène Silvagni by Elise Toide
Irène Silvagni by Elise Toide

Com uma das mais longas carreiras na indústria, Irène Silvagni é considerada como a maior mestre-chave da moda, aquela que abre ou por quem todas as portas se abrem.
Como diretora criativa da Vogue Paris, no final dos anos 80, iniciou colaborações com Peter Lindbergh, Paolo Roversi, Steven Meisel e Ellen von Unwerth.
Escolhida pelo presidente do júri Yohji Yamamoto, para quem sua direção criativa sempre pautada sobre a ética, o talento e a conquista sempre influenciaram suas escolhas e olhares, como uma importante peça no julgamento das obras apresentadas em Hyères este ano.

Acompanhe abaixo com exclusividade as principais perguntas feitas a nossa quarta entrevistada.

BRRUN.COMComo a senhora relacionaria moda com elegância? Até que ponto, ou não necessariamente, são conceitos intrínsecos?
IRÈNE SILVAGNI – Eu acho que a elegância está relacionada com a mulher ou o homem que usava roupas. Embora, algumas peças não devem ser “elegantes” elas têm magia, estilo, elas são fortes ou suaves, pretas ou brancas ou tudo e seu contrário. Um pedaço de pano enrolado em torno do corpo é elegante. Eu poderia ir além a respeito e falar em elegância. Às vezes eu cruzo com algumas garotas na rua e sinto-me maravilhada com a sua criatividade em combinar peças juntas, mistura-las. É surpreendente, inspirador e elegante!

Qual a ética que um jovem estilista deve possuir?
I. S. – O mais importante é a “liberdade”. É preciso seguir sempre o que que ele(a) acredita. Atenha-se ao seu estilo.

Em sua carreira que você introduziu para a indústria e para o mundo uma grande quantidade de novos talentos. Você ainda encontra-se tão empolgada pela nova safra de talentos hoje? E você acha que existe uma progressão em termos de trabalho em vista do que está saindo hoje?
I. S. – Lembro-me do tempo em que éramos poucos editores que lutavam para ter reconhecido Azzedine Alaia, vestindo suas roupas nos desfiles, lutando para conseguir que editores e compradores chegassem a Rue de Bellechasse. Aqueles foram momentos de intensa felicidade.
Também me lembro de quando os estilistas japoneses chegaram a Paris como, por exemplo, Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto. Foi um choque, um novo tipo de beleza, uma página foi transformada, mas de uma forma que parecia uma batalha contra uma certa forma de jornalismo que não entenderia e aceitaria essa evolução.
Uma revolução que abriu todo o movimento belga, que é até hoje ainda no topo.

Qual você considera a coisa mais desafiadora para que os jovens estilistas consigam e alcancem o sucesso hoje?
I. S. – O principal problema é, naturalmente, para resistir à pressão da economia e do espaço dado a grandes anunciantes em revistas e também ser capaz de produzir e vender. O sucesso de Carven, Rochas, Giambattista Valli, todos os estilistas independentes deu uma nova energia para a moda. A contratação de Raf Simons para a Dior, o retorno de Slimane na YSL trará novos desafios em termos de estética.

Há revistas mais do que como nunca houve, mas a publicação em papel está em crise. Como você vê a publicação de revistas de moda hoje em dia? O que te excita ou você acredita que  esteja faltando ser visto?
I. S. – Eu sinto falta do espaço dado para jovens estilistas e novos talentos, sinto falta de ser surpreendida, sinto falta da adrenalina.
Esses dias enquanto virava as páginas eu sempre sabia o que eu iria ver, eu lia a mesma notícia em todas as revistas, via sempre as mesmas pessoas. Como uma profissional e uma leitora estou decepcionada a maior parte do tempo, embora ainda existam algumas revistas que eu acho interessante!

Qual foi a última coisa que você experimentou, viu ou ouviu que a estimulou?
I. S. – O último desfile de Azzedine Alaia.
Exposições Olivier Saillard e performances.

Irène Silvagni by Elise Toide
Irène Silvagni by Elise Toide

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Fotos: Elise Toide © Copyright — Hyères 2012