O Pollock do século XXI

As pinturas gestuais de Pollock (1912 – 1956) são maravilhosas. Clichê? Eu não sabia disso até ver uma delas ao vivo e sentir uma coisa que só chamarei de coisa por não ter palavra no mundo que descreva. Se não fosse pelas paredes brancas e o ar gelado do MoMa, eu não teria segurado o choro. E na segunda vez também.

Aí tive certeza de que a grande “sacada” das pinturas gestuais de Pollock, são por elas serem gestuais, oras!

A obra final só é incrível e tem todo um impacto, porque é o registro de uma ação. Pollock não pinta o que vê. Ele pinta o que se move.

Cada rastro ou gotejamento de tinta, cada respingo, é a marca da dança do pintor ao redor da tela. Não era à toa que ele estendia a lona no chão. Assim poderia dar voltas e voltas e ter uma vista aérea do que estava acontecendo abaixo dele.


Eis que, em uma dessas tardes, limpando minha caixa de, mais ou menos, 670 e-mails não lidos, deparo-me com um e-mail da minha querida mamãe sobre um artista que não sei por que raios da vida eu ainda não tinha visto nada dele (não que ele fosse velho o suficiente para eu ter que saber sobre seu trabalho, mas seilá, ele é um desses caras que a gente quer conhecer desde que nasce, sabe?).

Enfim, foi em uma dessas tardes, que conheci Tony Orrico, que carinhosamente, apelidei de Pollock Júnior, Pollock Segundo, Pollock Filho, ou simplesmente Pollock do século XXI. Ao ver seus desenhos, percebi que assim como Pollock, a beleza, o estranhamento e o impacto de suas obras nasce do gesto.

Tony deita e rola no chão, literalmente. Como se fosse um compasso gigante, ele risca a superfície e o que é mais impressionante, sem sair do chão para ter uma visão geral da tela, consegue fazer composições perfeitamente simétricas, como vemos no vídeo abaixo.

Vídeo de Pollock Juninho em ação:

Neste desenho, Toni desenha com as duas mão juntas e fazendo o mesmo gesto, o que gera imagens espelhadas de um mesmo desenho. Se você fica assistindo o vídeo direto, chega uma hora que nem parece mais que Tony é uma pessoa, e sim um bicho, ou alguma forma fazendo um tipo de dança estranha. Vale a pena!

GIULIA BIANCHI
giuliabianchi@brrun.com

Fotos: Divulgação