JamelShabazz começou a fotografar aos 15 anos, captando em suas imagens pequenas histórias do Brooklyn, onde nasceu e viveu.
Com influências que só poderiam lhe render um grande sucesso (como EliReed, VanDerZee, e GordonParks), Jamel já publicou os livros: Back in the Days, The Last Sunday, Seconds of My Life e Time Before Crack.
Seu trabalho possui características de Street Style, mas depois de contextualizadas passam a ser muito mais que registros de moda, e sim de todo o movimento Hip Hop que se expandia pelo mundo.
São fotografias para olhar inúmeras vezes, sem pressa, admirando os detalhes e imaginar como era a vida dessas pessoas. Porquê estavam ali e foram fotografadas, como era a sensação de estar naquele ambiente. Admirar essas pessoas, seus estilos, e imaginar a música que poderia envolver cada cena. É isso que as fotos de Jamel proporcionam, pequenos documentários estáticos de historias reais ou da imaginação do observador.
Além das pessoas dançando Break, inúmeras pixações no metrô de Nova York foram imortalizadas em suas fotos.
Jamel costumava conhecer as pessoas antes de registrá-las. Qualquer um que lhe chamasse atenção na rua, independente de ser um mendigo ou alguém muito estiloso, seria seu alvo para alguns minutos de conversa. E é esse processo que importa para ele, ultrapassando a apreciação estética e transformando o resultado final em algo antropologicamente valioso.
Quando o crack foi introduzido na América por causa das guerras, as gangues voltaram a prosperar ganhando dinheiro com o tráfico. Com essa decadência nos anos 80, houve uma extrema mudança no modo como as pessoas se comportavam e as letras de Rap passaram a falar sobre poder e vingança, exaltando o tráfico de drogas.
Antes as pessoas gostavam de estar bem vestidas e com um estilo único, mas o crack trouxe de volta a cultura Bling fazendo com que correntes e outros ítens de joalheria se tornassem sinônimos de poder. Durante a década de 90 a moda mudou rapidamente, e a preocupação com a roupa passou a ser secundária devido a falta de dinheiro.
E não bastando o talento, Shabazz ensina as crianças coisas sobre fotografia e planejamento de carreira. É voluntario em uma fundação artística que leva as Artes para os jovens das periferias, ajudou durante o ataque terrorista ao World Trade Center e também leciona no StudioMuseum, mostrando a conexão entre fotografia, história e a comunidade onde esses jovens moram.
MARINA KOENIGKAN
Fotos: Divulgação
