O Pete and the Pirates é o exemplo vivo de que se o primeiro disco é bom, esperar pelo segundo valerá a pena. E valeu. Tão trabalhado e ao menos tempo tão cru, o som de One Thousand Pictures lançado em maio deste ano, mostra que serão necessárias mil imagens para caracterizar a banda.
2011 começou bem para a música. E quem surpreendeu este ano, foram os segundos álbuns das bandas ainda ‘novatas’ no meio. O Cage the Elephant, Yelle e também o Pete and the Pirates, nosso escolhido.
Formado em 2006, o quinteto de Reading, UK lançou seu primeiro disco Little Death em 2008. Desde então a banda colheu bons frutos do trabalho de estréia, saindo em turnê com o Vampire Weekend e o Maximo Park em 2009 e descolando elogios dos críticos.
‘One thousand Pictures’ começa com Can’t Fish te embalando em um lençol. A melodia vai rodando, rodando, rodando até chegar harmoniosamente à letra. O leve tom estridente da guitarra e as suas sutis distorções dão um tom sóbrio para a esta primeira faixa. ‘Cold black kitty’ vem no embalo, com uma intro melancólica e uma explosão no refrão – porém, ainda controlada. Peter Hefferan e banda conduzem a música de uma forma tão natural e tão harmoniosa que mesmo tendo-a escutado dezenas de vezes, descubro diversos efeitos que ainda não havia reparado. O fim da música é incrível, uma indução ao descabelamento.
Já ‘Litlle gun’ vem em uma atmosfera diferente. A impressão é que alguém está acordando da depressão e vendo o dia lá fora. O baixo soando forte, os solos de guitarra rasgando em alguns trechos, o vocal mais animado de Peter e o refrão todo empolgante, mostram que balas na agulha não faltam.
Então, ‘Come to the bar’ vem como um convite à dança. Os sons do teclado acompanhando a voz e a bateria – dão aquele tom alegre advindo da faixa anterior e no refrão, chegamos à pista. A banda prova que funciona em diversas combinações instrumentais e podemos mais uma vez ver uma dessas mil imagens.
‘Washing Poder’ vem mais calma e com uma melodia fofa. O sotaque britânico do vocal e o tom agudo da guitarra são os elementos favoritos desta faixa. A sensação é como se os pensamentos tivessem trilha sonora. Repare.
‘Blood gets Thin’ volta à sonoridade sombria do início do disco. A guitarra da intro, com a entrada da bateria e as duas explodindo em uníssono lembra filme de perseguição. O vocal chega depois dando um rumo para a jornada.
A música tem inúmeros efeitos, equilibrados com os instrumentos de base. O finalzinho é de arrepiar.
Chegamos em ‘United’ e vemos o sol novamente. A melodia, a letra, a levada da música, a graça dos tons usados por Peter e a guitarra intensa com as leves distorções dão à United o título de primeiro single do disco. É alegre, intensa e tem solos fantásticos.
‘Motorbike’ traz de volta a graça ao vocal, as guitarras aparecendo constantemente, os efeitos oferecendo seus detalhes… mas, é a bateria que faz a levada da música. Destaque para os riffs de guitarra e a energia da música. Não é alegre, mas é contagiante.
‘Things that go bump’ vem de carona nas sensações provocadas por Motorbike. Um pouco mais sutil na urgência, mas baseada na mesma angústia. Tem menos efeitos que as demais, embora se escute no fundo da música gritinhos de lamentação. É bela por ser terrível.
Reprise é a faixa instrumental de ‘One thousing Pictures’ – o baixo sóbrio e um tom faroeste no fundo fazem a intro. A guitarra canta completamente insana em suas distorções.
E finalizando o disco, temos ‘Half Moon Street’ trazendo uma imagem positiva desta jornada. É a mistura da melancolia, da beleza e da fúria que vimos no disco todo, sintetizadas neste último som. É cheio de uma energia circular que extravasa, mas não alcança uma saída e volta infinitamente para a mesma estaca.
By Marina Rima
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