Esta semana fui conferir a exposição do artista americano Richard Serra (1939) no Metropolitan. Conhecido por suas esculturas em grande escala, esta foi sua primeira retrospectiva feita apenas de seus desenhos.
A mostra buscava ressaltar a importância do desenho sobre si mesmo, não apenas sobre sua relação com a escultura dentro da trajetória da carreira do artista.
(Clique nas imagens para aumentar/Click images to zoom.)
Desenhar, no caso de Serra, é algo perceptivo, experimental e conceitual. Não é uma forma de negação ou de desconstrução. Ao contrário, é sobre criar tensões e forçar o espectador a perceber um desenho.
O preto é a própria extensão do desenho. Sendo uma cor densa e carregada de matéria, é ele próprio o desenho e não somente uma parte que o constitui.
A partir dos anos 80, Serra continua a explorar novos efeitos através de diferentes técnicas, aumentando também a dimensão do papel. Ao entrar em uma das salas com estes grandes desenhos, é impossível não relacioná-los ao espaço. A matéria é densa, escura e gigante, como se outros corpos, fora o seu, habitassem aquele lugar e modificassem a sua percepção. Senti que Serra esculpe mesmo quando desenha.
GIULIA BIANCHI
giuliabianchi@brrun.com
Fotos: Giulia Bianchi / ©BRRUN.COM