• Os deuses que dormem nos museus

    Se há uma necessidade em nossa época é a de explicar os motivos, as causas e as gêneses do horror e das tiranias veladas. Relembrando o teatrólogo francês Antonin Artaud e o seu “teatro da crueldade”, nunca se falou tanto em crimes e na transformação da brutalidade do que se supõe humano como no século XXI.

  • Vênus Enclausurada

    Símbolo do Renascimento, do desejo de aniquilamento do teocentrismo, do anúncio dos discursos científicos e da revisitação da arte grega, em uma tentativa de retomada da moralidade de uma estética da existência, “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli (1483) insere na ordem da “modernidade” o signo do feminino, que emerge das águas em uma concha, e é saudado pela deusa Horas.

  • O Silêncio de Dionisio

    Do século XX que se despediu com os seus sepultamentos, uma única verdade aflora: dizer, confessar, colocar na ordem do discurso e do jogo da palavra enquanto exercício político tornou-se uma arma.

  • Tudo que é sólido desmancha na passarela…

    Paris, 27 de fevereiro de 2007, a modelo russa Sasha Pivovarova surge na passarela da Semana de Moda da capital francesa, com um sapato preto pesado, meia calça cinza e sobrancelhas brancas. Contrastes com o vestido colorido, inspirado no keffiyeh (lenço árabe). Críticos de moda e jornalistas decretam em uníssono: É o novo multiétnico! Pretensioso e paradoxal, o estilista Nicolas Ghesquière a frente da Balenciaga faz jus à engrenagem que mantém a moda como a atual ciência do sonho. Antecipação de uma “revolução árabe” – com pitada francesa e mercantilista – no plano do imagético e do simbólico.

  • O discurso do fast fashion ou a desconstrução do luxo

    A história da moda sempre nos revelou as possibilidades de termômetros das convulsões ou transformações sociais. Seja em sua recente, e mais corriqueira aceitação, de que a moda tal qual a conhecemos hoje, reflita um progresso do discurso da Indústria de Consumo, do Mass Media ou do capitalismo recente: a Ideologia do neoliberalismo; ou seja, ainda, o espectro de atenuação das diferenças entre as classes sociais.

  • Quem acredita na “imprensa”?

    Em tempos de estupidificação da Ideologia e o apontar incessante para uma nova bipolarização do mundo, entre capitalismo selvagem e a possibilidade de socialismo, o pensador alemão Karl Marx é novamente invocado com a sua teoria da luta de classes e de materialismo histórico.

  • Cultura para todos: São Paulo é de fato uma cidade democrática?

    O discurso corrente entre os entusiastas da “modernidade e do progresso” é que São Paulo é uma cidade culturalmente democrática. Fator, aliás, que impulsiona sua diferenciação e sua média, diante de outras capitais. Podemos falar realmente, que a cidade exerça o Estado de Direito, sob a perspectiva e a propaganda de “Cultura para todos”?